quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


Hoje o tema é palavra, morfema, morfe e raiz.
A palavra é uma unidade da linguagem que pode constituir um enunciado, ou seja, pode ser definida como um conjunto de letras ou sons de uma língua. É com ela que conseguimos nos comunicar e nos expressar tanto na escrita quanto na fala.
O morfema é a unidade mínima de significado e é utilizado para formar várias palavras. Envolve significados e possibilidades combinatórias e pode se classificar em Morfema lexical e Morfema gramatical.
O morfe é a realização do morfema e a raiz é um morfema, ou seja, o morfe é o morfema realizado na escrita ou na oralidade e a raiz é um morfema que dá origem a várias palavras, como por exemplo at-o, at-or, at-ivo.

Trago aqui um texto de José Saramago sobre esse tema:


As palavras são boas. As palavras são más. As
palavras ofendem. As palavras pedem desculpas. 
As palavras queimam. As palavras acariciam. 
As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, 
vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes.
Algumas palavras sugam-nos, não nos largam...
As palavras aconselham, sugerem, insinuam, 
ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas
ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas
com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios 
de palavras que vivem em boa paz com as suas
contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o 
contrário do que pensam, julgando pensar o 
que fazem. Há muitas palavras. E há os
discursos, que são palavras encostadas
umas às outras, em equilíbrio instável graças
a uma precária sintaxe, até ao prego final do
Disse ou Tenho dito. Com discursos se comemora, 
se inaugura, se abrem e fecham sessões, se 
lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas
de veludo. São brindes, orações, palestras e
conferências. Pelos discursos se transmitem 
louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E
depois as palavras dos discursos aparecem deitadas 
em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por
essa via entram na imortalidade do Verbo. E as palavras
escorrem tão fluidas como o
"precioso líquido". Escorrem interminavelmente, 
alagam o chão, sobem aos joelhos,
chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço.
É o dilúvio universal, um coro desafinado 
que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu 
caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos,
aos uivos, envoltos também num murmúrio manso,
represo e conciliador... E tudo isso atordoa as estrelas
e perturba as comunicações, como as tempestades 
solares. Porque as palavras deixaram de comunicar.
Cada palavra é dita para que se não ouça outra
palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, 
afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: 
amassa. A palavra é a erva fresca e verde 
que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira 
nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. 
A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar 
as palavras para que a sementeira se mude em
seara. Daí que as palavras sejam instrumento 
de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha
o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio. 
O silêncio, por definição, é o que não se ouve.
O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa.
O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, 
o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. 
Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras.
As palavras boas e as más. O trigo e o joio.
Mas só o trigo dá pão.

O que esse texto tem a ver com o conteúdo acima? Bom, primeiramente fala sobre palavras, nos mostra que dependendo do contexto a mesma palavra tem vários significados. Nos mostra que a palavra é a base da nossa comunicação e que está em todos os lugares.

Um comentário:

  1. Muito bem, Vanessa. Mas use os teóricos da Linguística (especialmente os textos da nossa pasta de Morfologia) a fim de sedimentar tuas ideias. Gostei do Saramago e das tuas primeiras impressões. Em uma próxima postagem, quero que você discuta mais esse texto. Parabéns! Beijos, Profa. Roberta :)

    ResponderExcluir